quinta-feira, 18 de agosto de 2011

UM DEUS CADA VÊZ MAIS DESCONHECIDO

Conhecer e prosseguir em conhecer ao Senhor é um desafio para cada servo. Saber sua vontade, seu querer, seus propósitos para nossa vida é parte fundamental no processo de buscar agradá-lo. Por isso que a falta de conhecimento leva o povo à destruição. Esse conhecimento é fundamentado no temor ao Senhor. Temor denota respeito, reverência, reconhecimento de autoridade.
Isso vêm do reconhecimento de quem é o Deus a quem servimos. A Bíblia utiliza muito a palavra "Tremendo", para se referir a Deus. Nesse contexto se destaca sua soberania, poder e grande glória. É um Deus que tem a capacidade de nos assombrar com seus atos poderosos, nos assustar quebrando toda e qualquer perspectiva humana para agir como quer e onde quer.
Esse Senhor não aceita ser moldado por nossas “caixinhas teológicas e denominacionais”, é maior que nossa percepção humana e destoa completamente de nossa lógica ou racionalização. É isso que faz com que Ele seja Deus. Alguns cristãos perderam a capacidade de se espantarem, se assombrarem, se embasbacarem com a ação poderosa do Senhor. Vivem no nível da mediocridade em que fé se consiste em postulados, ritos e cultos, onde podemos contemplar Deus emoldurado, semelhante à nossa vontade.
Esse Senhor não é um ser sem vontade própria. Como é fácil, nesse processo de religiosidade, perder de vista que o Senhor tem vontades e desejos que são soberanos e absolutos, e que não abre mão deles por ninguém. Muitos cristãos vivem um “relacionamento” com uma força cósmica acéfala e manipulável, que existe apenas para lhes satisfazer em todas as nuances de suas vidas. São crentes que buscam a felicidade pessoal, quando na verdade nós somos servos que devem buscar fazer o seu Senhor feliz. E no final de tudo ainda bater no peito e dizer: “Servo inútil eu sou, pois não fiz nada além do que era minha obrigação”.
Esse Senhor não se deixa manipular por emoções vazias. O Senhor é aquele que esquadrinha os corações, conhece as intenções e sabe do que está oculto no recôndito mais profundo de nossa alma. Não aceita adoração de lábios, até porque não são eles que manifestam a adoração integra e perfeita que ele exige. É quem antes da adoração aceita o adorador, antes da oferta atenta para o ofertante, antes do rito olha para a vida. Como Santo que é não compactua com o pecado e a iniquidade obstinada e impenitente. É aquele que ama o espírito quebrantado e aceita o miserável com misericórdia e graça.
Se este não é o Deus a quem você conhece, cuidado, avalie a quem de fato você tem servido. Conhecer ao Senhor não é cantar, pular, celebrar em um culto ou templo, mas sim ser surpreendido pela sua majestade e glória até nas coisas mais simples e ínfimas, reconhecendo sua presença e seu agir. É buscar entender sua vontade soberana e buscar adequar-se a ela, mortificando nossos desejos e sonhos, trasformando-os em instrumentos para a realização dos desejos e sonhos do Senhor. É viver no cotidiano de nossa vida de maneira tal que alegremos o coração do Senhor e exaltemos seu santo nome. Essa é minha luta diária, e espero que também seja a sua.
Um abraço,
Pr. Ozias Lima Ribeiro

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A MENTALIDADE MUNDANA DO CRISTIANISMO

A base fundamental do cristianismo é a graça. A convicção clara de que não há mérito algum, moral ou espiritual, que nos garanta o acesso à salvação. Que só recebe a vida eterna aquele que reconhece sua pecaminosidade e uma dependência completa, plena, integral da misericórdia do Senhor.
Essa convicção é que nos empurra para a submissão ao Senhor. Nos move em atos de adoração e louvor. Nos conduz em um processo de amor por Deus que faz com que nosso desejo maior seja alegrar seu coração e fazer o que lhe agrada.
A certeza da fidelidade e cuidado do Senhor cria em nós um sentimento de satisfação e liberalidade. Entendemos que dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas. É assim que se desenvolve a mordomia, de uma percepção da soberania divina, e do privilégio que é cooperarmos com tudo o que temos, somos e intentamos, para o crescimento de seu Reino e manifestação da sua glória.
Sobre este fundamento, a graça, também se assenta a misericórdia e compaixão. Quando realmente compreendemos a graça de Deus para conosco passamos a ser graciosos para com os outros. A comunhão e a mutualidade passam a ser base de nossos relacionamentos interpessoais. O exercício da tolerância, a derrubada dos preconceitos, a inclusão plena passam a ser um estilo de vida, uma forma de ser. A graça desenvolve em nós um sentimento de empatia para com os que sofrem, o que estão perdidos, que necessitam de serem ministrados. Perdão e paz, tanto para com os fora como os de dentro da Igreja.
Quando a percepção graça se perde, o cristianismo assume uma mentalidade mundana. No lugar da dependência de Deus e seu amor adotamos a egolatria. Passamos a nos utilizar do cristianismo como um canal de auto-justificação religiosa. Partimos para um ritualismo frio, sem relacionamento com Jesus, que cauteriza nossa consciência e nos afasta do centro de sua vontade.
Assim não há mais submissão. Não há mais dependência de Deus. Passamos a ter autoridade e poder sobre o Senhor e desenvolvemos uma postura arrogante, egoísta e ditadora, calçada pala ideia de que nós temos direito à plena satisfação pessoal. A adoração se perde como uma forma de vida, e passa a se resumir aos cultos no templo, e passa a ser apenas “cantação”, que expressa uma alegria eufórica, emocional e superficial, que vicia e nos impede de vermos a miséria espiritual que vivemos e como o Senhor está ausente de nós.
O conceito de mordomia vira mesquinharia. Passamos a utilizar as coisas como emblema de nossa grande espiritualidade. Os bens materiais deixam de serem instrumentos de manifestação da glória de Deus e passam a ser divindades profanas em nosso meio. Idolatradas, amadas e reverenciadas. Templo, carro, prédio, dinheiro, poder, status denominacional, ....
A misericórdia e compaixão dá lugar à arrogância e o exclusivismo. Não há mais tolerância para com o diferente, amor para com o perdido, perdão para com o que cai. A religiosidade passa a cobrar um moralismo falso, hipócrita, de quem não consegue olhar no espelho de sua alma e enteder que é pobre, cego e nú. De um grupo que acredita ser o protótipo da santidade divina, e por isso não consegue mais compreender o outro e suas falhas, suas dores, suas mazelas.
O cristianismo sem a graça é apenas uma cadeia demoníaca, que aprisiona almas, tortura corações e destrói vidas. É uma gaiola que aprisiona pássaros cegos, que cantam sua liberdade por não poderem ver as barras que os prende.
O nosso desafio é rompermos com este processo de perversão espiritual no qual somos envolvidos e a cada instante trazer à memória que não há mérito algum em nós, mas é a graça de Deus, manifestada de Cristo Jesus, que nos resgatou e justificou, e que dEle somos. Batalhando esta mesma luta,
Pr. Ozias Lima Ribeiro

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