segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

ESCOLHAS

Quando Hitler chegou ao poder na Alemanha, Viktor Frankl (1905-1997) era o diretor de um pavilhão de um hospital psiquiátrico. Os nazistas mandaram que submetesse à eutanasia as doentes mentais sob seus cuidados. Como se recusou, foi deportado e enviado a um campo de concentração, onde foi tatuado com o número 119.104.
Perto do fim da guerra, foi libertado, para, então, saber que, além das suas anotações de pesquisa, perdeu toda a família, inclusive a esposa.
Num dos seus livros, ele escreveu: "Podem arrancar tudo de um homem, menos a última das liberdades humanas: sua capacidade de escolher que tipo de atitude terá diante das circunstâncias que o rodearem".
Não podemos escolher as ações dos outros para conosco, mas podemos escolher as atitudes que tomaremos diante dessas ações.

sábado, 19 de dezembro de 2009

PROFETADAS E REVELAGENS

Existe um fenômeno herético que tem entrado na igreja de Cristo, fruto do misticismo carismático neo-pentecostal: O vaticínio, a entrega de mensagens particulares, da parte de Deus, a um cristão por meio de um emissário “super espiritual”.

Geralmente quem entrega a mensagem se considera um privilegiado divino, um arauto da vontade de Deus sobre a vida de terceiros, e coloca toda sua autoridade na afirmação de que quem falou foi o Senhor. Expressões de falsa modéstia, tipo: “Não olha o vaso, mas sim quem mandou!” são muito comuns.

Estas adivinhações são erroneamente chamadas de “revelação” ou “profecia”. Revelação (apocalipso), na bíblia, é o processo de Deus se manifestar ao homem, que se consumou na pessoa de Jesus Cristo e está plenamente registrada nas Escrituras Sagradas. Já profecia (pro+fetés) significa falar em lugar dê! Entregar a mensagem. Profetizar é proclamar as boas novas do Senhor.

Lembre-se que o relacionamento de Deus com seus servos se dá por meio de um único intercessor, Jesus Cristo, e pela sua Palavra, a Bíblia. Ninguém tem autoridade divina para exercer coação espiritual em nome do Senhor.

Um cristão autêntico deve primar por um relacionamento de intimidade com Deus, pela busca de sua vontade e de discernimento espiritual, para que possa entender qual é a vontade de Deus na sua vida (Rm. 12.1,2). É através deste relacionamento que Deus vai falar com o seu servo.

Eu creio no poder do Espírito Santo, e que ele utiliza-nos para cuidarmos uns dos outros, através da mutualidade do Corpo, mas não acredito nestas profetadas e revelagens!.

Qualquer um que chegue para um cristão para dizer: “Tenho um recado de Deus para você”, está afirmando três coisas básicas: a) Você não tem intimidade com Deus, pois senão Ele teria falado diretamente com você; b) Eu tenho uma intimidade maior com Deus do que você, pois ele falou comigo, c) Eu tenho autoridade espiritual sobre sua vida, pois Deus me mandou te falar isso. Isto se chama arrogância espiritual e quem a pratica ainda não conhece a forma de Deus agir e nem a sua Palavra.

Cuidado com os falsos profetas que se levantam no meio dos cristãos, que, com aparência de piedade, querem se tornar gurus de seus irmãos, oráculos santos e inquestionáveis, escondidos atrás do jargão: “O Senhor é que mandou falar!”. Estes só causam confusão e dissensão, sem cooperar em nada para a comunhão do Corpo de Cristo e sem produzir crescimento.

Que possamos agir com cautela e discernimento espiritual!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

SEDE DE INTEGRIDADE

Em meio a tantos escândalos e denuncias, a impiedade e a iniqüidade ocupam, uma vez mais, destaque na mídia. Ao vivo e em cores saltam imagens de políticos, em um festival de imoralidade e corrupção, onde alguns “excelentíssimos senhores” aparecem, escondendo dinheiro com uma criatividade tão grande, que só não é maior que a utilizada ao dar as “explicações” para o ato. A mais inusitada foi a do Governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal,: “Foi para comprar panetone para os pobres!!!!”.
Um sentimento de indignação e nojo permeia a alma daqueles que ainda esperam uma postura ética e coerente dos seus representantes. Porém, em meio a este lamaçal, salta, como uma bofetada em qualquer cristão verdadeiro, a imagem do pastor Junior Brunelli, deputado distrital e atual corregedor da Câmara Distrital. Após receber sua parte do bolo, ele se coloca como “ministro de Deus”, como um intercessor, pela vida de seu corruptor. Ora com uma desenvoltura e autoridade espiritual de quem está imerso no mar da santidade divina, numa postura totalmente incoerente com a de quem, segundos antes, havia praticado um ato ilícito: "Pai, nós somos gratos pela vida do Durval, que tem sido um instrumento de benção para nossas vidas, para essa cidade, que o senhor contemple a questão do seu coração."
Aquela aberração espiritual, uma criatura hibrida: meio crente- meio capeta, não é raro de se encontrar em meio aos evangélicos. Não é privilégio apenas de uma ou outra denominação. É fruto do cristianismo pós-moderno, onde a equidade e a santidade não são tratadas com o mesmo peso e valor que o ritualismo religioso e o marketing pessoal. Vários são os escândalos que vem a tona, constantemente, envolvendo pastores e líderes: Divórcio, adultério, homosexualismo, corrupção, fraude, mentira. A lista é grande, porém maior ainda são os que permanecem encobertos, longe das câmeras ocultas e bisbilhoteiras, protegidos por uma máscara de hipocrisia e travestidos de moralidade e ética farisaica.
Um traço característico desse ser ambíguo, é a ausência total de temor, de arrependimento, de consciência. Ao ser confrontado com suspeitas e acusações, fruto dos rastros deixados, posa de ofendido. Esconde-se atrás do princípio jurídico: “A quem acusa, o ônus da prova”, já articulando previamente a inviabilidade de que as mesmas possam vir a ser produzidas. Transita em um contexto onde mecanismos burocráticos e corporativistas criam o ambiente propício para a impunidade, que só beneficia a iniqüidade e avilta o brio daqueles que ainda acreditam que é possível ser santo, mesmo inseridos em meio a um mar de sedução e corrupção. (Fp. 2.15)
A impunidade e a ausência de transparência têm feito com que nós percamos a credibilidade como povo de Deus, e criado o ambiente propício para a proliferação da corrupção. É ela, a impunidade, que cria o tripé que sustenta o ministério da iniqüidade, como disse Arnaldo Jabour, acerca dos corruptos políticos: “Eles sabem que a Justiça é cega e paralítica e usarão o “não, o não fiz, não sei.” E contam com a máxima inesquecível do Presidente do Senado: “o silêncio, a paciência e o tempo”.
Isto também se aplica aos nossos arraiais. Não tomar nenhuma atitude de averiguar os fatos, não dar as explicações de maneira clara e convincente, fingir que não vivemos uma crise de integridade, é a receita ideal para perpetuar a decadência moral dos evangélicos e a ausência de credibilidade à mensagem que pregamos.
Tudo isso traz uma sede tremenda de integridade, uma fome de justiça. Não é possível mais aceitar este estado de coisa. É preciso haver um ato de indignação dos justos, que nos remeta aos princípios fundamentais e prioritários do evangelho da redenção. É preciso apurar denúncias, identificar responsáveis e dar satisfação ao povo. Carecemos de pessoas comprometidas integralmente com os princípios do reino, que se coloquem como instrumentos de Deus para este tempo. Pastores que não pastoreiem a si mesmo, em um jogo de vaidades e ganância, mas busquem os valores do reino de Deus. Profetas que, com temor e tremor, se levantem como arautos de uma nova reforma, ética e moral. De pessoas que estejam dispostas a viverem a integralidade do Evangelho e pagarem o preço de serem voz profética de Deus em meio a este caos moral que temos vivido. Como desafia o apóstolo Paulo: “Para estas coisas, quem é idôneo?”
Por isso nos voltemos ao Senhor, justo e reto juiz, e clamemos: Aviva-nos Senhor!!!
Que Ele tenha misericórdia de nós.

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