quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

SEDE DE INTEGRIDADE

Em meio a tantos escândalos e denuncias, a impiedade e a iniqüidade ocupam, uma vez mais, destaque na mídia. Ao vivo e em cores saltam imagens de políticos, em um festival de imoralidade e corrupção, onde alguns “excelentíssimos senhores” aparecem, escondendo dinheiro com uma criatividade tão grande, que só não é maior que a utilizada ao dar as “explicações” para o ato. A mais inusitada foi a do Governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal,: “Foi para comprar panetone para os pobres!!!!”.
Um sentimento de indignação e nojo permeia a alma daqueles que ainda esperam uma postura ética e coerente dos seus representantes. Porém, em meio a este lamaçal, salta, como uma bofetada em qualquer cristão verdadeiro, a imagem do pastor Junior Brunelli, deputado distrital e atual corregedor da Câmara Distrital. Após receber sua parte do bolo, ele se coloca como “ministro de Deus”, como um intercessor, pela vida de seu corruptor. Ora com uma desenvoltura e autoridade espiritual de quem está imerso no mar da santidade divina, numa postura totalmente incoerente com a de quem, segundos antes, havia praticado um ato ilícito: "Pai, nós somos gratos pela vida do Durval, que tem sido um instrumento de benção para nossas vidas, para essa cidade, que o senhor contemple a questão do seu coração."
Aquela aberração espiritual, uma criatura hibrida: meio crente- meio capeta, não é raro de se encontrar em meio aos evangélicos. Não é privilégio apenas de uma ou outra denominação. É fruto do cristianismo pós-moderno, onde a equidade e a santidade não são tratadas com o mesmo peso e valor que o ritualismo religioso e o marketing pessoal. Vários são os escândalos que vem a tona, constantemente, envolvendo pastores e líderes: Divórcio, adultério, homosexualismo, corrupção, fraude, mentira. A lista é grande, porém maior ainda são os que permanecem encobertos, longe das câmeras ocultas e bisbilhoteiras, protegidos por uma máscara de hipocrisia e travestidos de moralidade e ética farisaica.
Um traço característico desse ser ambíguo, é a ausência total de temor, de arrependimento, de consciência. Ao ser confrontado com suspeitas e acusações, fruto dos rastros deixados, posa de ofendido. Esconde-se atrás do princípio jurídico: “A quem acusa, o ônus da prova”, já articulando previamente a inviabilidade de que as mesmas possam vir a ser produzidas. Transita em um contexto onde mecanismos burocráticos e corporativistas criam o ambiente propício para a impunidade, que só beneficia a iniqüidade e avilta o brio daqueles que ainda acreditam que é possível ser santo, mesmo inseridos em meio a um mar de sedução e corrupção. (Fp. 2.15)
A impunidade e a ausência de transparência têm feito com que nós percamos a credibilidade como povo de Deus, e criado o ambiente propício para a proliferação da corrupção. É ela, a impunidade, que cria o tripé que sustenta o ministério da iniqüidade, como disse Arnaldo Jabour, acerca dos corruptos políticos: “Eles sabem que a Justiça é cega e paralítica e usarão o “não, o não fiz, não sei.” E contam com a máxima inesquecível do Presidente do Senado: “o silêncio, a paciência e o tempo”.
Isto também se aplica aos nossos arraiais. Não tomar nenhuma atitude de averiguar os fatos, não dar as explicações de maneira clara e convincente, fingir que não vivemos uma crise de integridade, é a receita ideal para perpetuar a decadência moral dos evangélicos e a ausência de credibilidade à mensagem que pregamos.
Tudo isso traz uma sede tremenda de integridade, uma fome de justiça. Não é possível mais aceitar este estado de coisa. É preciso haver um ato de indignação dos justos, que nos remeta aos princípios fundamentais e prioritários do evangelho da redenção. É preciso apurar denúncias, identificar responsáveis e dar satisfação ao povo. Carecemos de pessoas comprometidas integralmente com os princípios do reino, que se coloquem como instrumentos de Deus para este tempo. Pastores que não pastoreiem a si mesmo, em um jogo de vaidades e ganância, mas busquem os valores do reino de Deus. Profetas que, com temor e tremor, se levantem como arautos de uma nova reforma, ética e moral. De pessoas que estejam dispostas a viverem a integralidade do Evangelho e pagarem o preço de serem voz profética de Deus em meio a este caos moral que temos vivido. Como desafia o apóstolo Paulo: “Para estas coisas, quem é idôneo?”
Por isso nos voltemos ao Senhor, justo e reto juiz, e clamemos: Aviva-nos Senhor!!!
Que Ele tenha misericórdia de nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar este blog